Desde que comecei a pensar sobre a vida fora do Brasil, escuto falar dessa tal prova do IELTS. E não vou mentir, é sempre colocando uma pressão muito grande e recomendando 378276 cursos e técnicas para subir de nota no exame. Então agora que fiz o teste, resolvi vir aqui compartilhar a minha experiência.
Não faz ideia do que estou falando ou já ouviu falar, mas nem sabe pra que se faz? No worries, vamos começar entendendo o que é esse negócio …
O que é o IELTS e pra que serve?
O IELTS é um exame feito para determinar o seu nível de inglês. Para isso existem duas modalidades, o acadêmico – para quem tem o objetivo de estudar em uma universidade de língua inglesa e o general training, aceito para alguns processos de imigração.
É uma prova reconhecida internacionalmente e pode ser feita em diversos países.
O Canada é um dos países que aceita o IELTS como prova de fluência no inglês e dá pontos para a express entry conforme a sua nota. E esse é o motivo que me fez decidir fazer o teste: alguns pontos extras para meu processo de residência permanente.
Como o teste funciona?
Para fazer o ielts é preciso fazer um agendamento online, escolher o tipo de teste que vai fazer, e mandar o seu documento (normalmente o passaporte). Custa em torno de 300 dólares e você pode fazer no computador ou no papel. A prova é dívida em duas partes: conversação e teste de conhecimento. As opções que encontrei tinha essas etapas em horários diferentes no mesmo dia.
Agora, falando mais especificamente sobre a prova, funciona assim:
Listening (Escuta) – Leva em torno de 30 minutos, nos quais você terá que escutar 4 áudios e ir respondendo às questões que aparecem sobre. Os áudios não repetem, então é importante ler as perguntas antes e ir respondendo conforme conseguir.
Reading (Leitura) – Leva em torno de 60 minutos, onde terão 40 questões referentes a pequenos textos. Você pode voltar para o texto anterior e revisar as questões caso sobre tempo. Se não me engano na minha prova foram 4 textos. Na minha visão, foi bastante teste de vocabulário dizendo as mesas coisas com outras palavras e interpretação de texto.
Writing (Escrita) – Novamente você terá 60 minutos para realizar as atividades apresentadas. Serão duas tarefas: A primeira será apresentada uma situação simples como escrever um e-mail para uma empresa ou uma carta para um ente querido. A segunda parte é um pouco mais difícil, nela você precisa escrever uma redação com ponto de vista e argumentação conforme o tópico solicitado.
Speaking (Conversação) – Essa é a parte mais rápida na prova inteira, normalmente são no máximo 15 minutos conversando com um examinador. Essa conversa tem três etapas: 1- Questões gerais sobre você, a sua família, estudo, trabalho… 2- Um tópico específico que o avaliador solicitar (você vai ter um minuto para pensar e fazer anotações sobre). 3- Responder perguntas do entrevistador ainda sobre o assunto anterior.
Se quiser ver por completo como a prova funciona, é só acessar o site oficial clicando aqui.
Minha jornada com o inglês
Acredito que já falei aqui algumas vezes o quanto sempre tive um bloqueio com o inglês. Nunca tirei as melhores notas na escola nessa disciplina e nem tinha condições de pagar por aulas. Meu nível não era básico, era inexistente: não sabia nada e parecia coisa de outro mundo quando eu tentava aprender.
Até que no Ensino Médio tive um anjo de professora! Ela nos deu nota por uso do aplicativo Duolingo, lá em 2014, quando ainda nem era famoso. Com isso percebi que era possível, sim, aprender, mas eu precisaria dedicar tempo para isso.
O tempo passou e em 2018 comecei meus estudos em inglês visando ser au pair nos Estados Unidos por um ano. Resumindo muito, a minha trajetória foi o seguinte:
- 6 meses de Wizard – Novo Hamburgo
- 6 meses de ICBEU – Manaus
- 6 meses de Skill Idiomas – Manaus
- 1 ano morando nos EUA como au pair
- 1 ano morando no Canada e trabalhando com Marketing
Os primeiros seis meses foram muito básicos – do nível “I want juice”. Quando mudei para Manaus eu mergulhei no inglês completamente. Além das duas vezes na semana de aula, eu também assistia tudo em inglês mesmo sem entender, lia livros e sempre que tinha tempo assistia vídeos de aulas no YouTube.
Foi quando levei o inglês pra minha rotina desse jeito que notei o meu primeiro salto de aprendizado. Eu passei a entender tudo que era dito e ler com facilidade!
Aí me mudei para os EUA e cheguei lá falando super errado, mas conseguindo me comunicar com o que era necessário. Meu segundo salto de aprendizado foi quando passei a responder muito mais rápido e conjugar muito melhor os verbos. Passei a refinar minha fala ao invés de apenas estudar o básico.
O terceiro avanço que percebi foi quando mudei para o Canadá e passei a focar na escrita (o que ainda é meu ponto mais fraco). Comecei a fazer aulas todo o sábado e precisei passar a escrever para o trabalho. No início era super frustrante e levava bastante tempo para responder qualquer coisa. Hoje em dia tenho mais facilidade e consigo me expressar muito mais rápido.
É um processo muito longo, mas é muito gratificante conseguir notar a minha própria evolução. Ainda estou focando na minha escrita e cometo erros no dia a dia, mas nada que me impeça de me comunicar com os outros e fazer o meu trabalho.
Sabendo de toda essa trajetória, fica mais claro explicar como foi a prova para mim…
Como foi a minha experiência?
Sinceramente, achei tudo mil vezes mais tranquilo do que eu esperava. Acho que o principal motivo disso é que não marquei com muita antecedência, foi menos de uma semana de espera para a hora da prova, ou seja, menos ansiedade. Também foquei em fazer o meu melhor e não ficar travada em nenhuma questão específica se fosse necessário.
Cheguei no local com antecedência, apresentei meu passaporte, tirei foto e finalizei o cadastro necessário. Logo depois começaram as provas de conversação em uma salinha separada.
Na conversação, a examinadora perguntou sobre mim, de onde sou, onde moro hoje, o que eu acho de morar aqui, com o que eu trabalho e outras coisas simples. Depois ela me deu um tópico relacionado a moda, falei sobre uma pessoa que conheço que construiu o próprio negócio. Como mencionei social media (meu trabalho) algumas vezes, ela fez mais perguntas relacionadas a isso. Por último, me perguntaram algumas coisas que acredito que seja para testar o vocabulário:
Você resolve quebra-cabeças? Você acha que quebra-cabeças ajudam a melhorar a memória de alguém?
Lembro de falar que gostava de jogar jogos de mesa, mas não puzzles especificamente. E que também já tinha visto um estudo sobre a redução das chances de alzheimer com atividades do tipo. Nada muito aprofundado, mas que deu a chance de desenvolver mais as minhas respostas.
Depois dessa parte, tive um intervalo e fui almoçar antes de fazer o resto do teste no computador.
Voltando para a prova, precisei fazer o listening. Nessa hora me atrapalhei um pouco, pois não percebi que tinham mais questões no final da página. Respondi super rápido o que consegui e segui para o próximo.
A parte da leitura fiz tudo em uma vez, e depois voltei e fui revisando as minhas respostas. Também super tranquilo de entender e nada muito difícil.
Na escrita, primeiro precisei escrever um e-mail reservando um quarto de hotel para a minha família e perguntando sobre o cardápio. A segunda tarefa foi algo sobre o uso da tecnologia estar reduzindo as interações sociais. Lembro de mencionar prós e contras e finalizar com a minha opinião. Fiquei super feliz que consegui cumprir com o mínimo de palavras e escrever algo que fazia sentido conforme o que estava sendo pedido.
E as notas?
- Listening: 8 pontos
- Reading: 8 pontos
- Speaking: 7.5 pontos
- Writing: 6.5 pontos
Quantos pontos isso deu para a PR?
Como aplicante secundária, a minha nota do IELTS rendeu 18 pontos para a minha residência permanente. Enquanto o meu parceiro, com a mesma média que eu, recebeu 112 pontos pelo inglês como aplicante principal no nosso processo imigratório.
Dicas para quem vai fazer a prova
A principal dica é prestar muita atenção nas instruções. O formato da resposta varia, às vezes é só uma palavra, às vezes duas ou três. Sempre leia, eles dão essa informação na questão.
É bom entender como a prova funciona, os exercícios e diálogos, porém a prova é sobre o seu domínio do idioma. Vale muito mais a pena focar em melhorar a sua escrita, vocabulário e conversação do que tentar adivinhar o que vai cair e ter um milhão de truques para a hora da prova.
Na parte dos áudios, tenha cuidado para responder todas as perguntas. Não tem como pausar ou repetir, então quase não respondi algumas perguntas porque não tinha visto as atividades descendo a página.
Na parte da fala, se não souber muito sobre o assunto especificamente, fale sobre algo relacionado. Não precisa travar, respira fundo e procure formas de relacionar com o que você realmente sabe. Por exemplo, o meu assunto foi sobre moda, eu relacionei a digital marketing e marcas que conheço.
Para escrita e leitura não recomendo nada além de prática. Li muito em inglês durante o au pair e nesse último ano participei de um book club. Como a rotina estava mais corrida, uma vez na semana eu participava de um grupo online para leitura e discussão em conjunto. O que ajudou demais a expandir o meu vocabulário e expressar opinões sobre conteúdos diversos.
E não esqueça: no final do dia é só uma prova, nada além disso. Você pode tentar de novo quantas vezes precisar e isso não diminui em nada o seu conhecimento. E reafirmo que o importante é focar em desenvolver o idioma e não estratégias mirabolantes para uma nota mais alta.
Ainda ficou com alguma dúvida? Deixa nos comentários abaixo!
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